segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Joaquim Leite: Mais de meio século à serviço do rádio


Entrevista-lo é uma luta enorme e ao mesmo tempo um imenso prazer. Luta porque, diante de incontáveis histórias fica difícil condensar tudo em uma simples matéria. Prazer porque ele é um dos grandes ícones da história do rádio em nossa região.
Joaquim Leite é assim: Como todo bom mineiro (nasceu em Caxambú em 1939) adora um “causo” e em se tratando de rádio, as histórias são ainda mais interessantes e com boas doses de humor.
Sua carreira no rádio começou no distante ano de 1953 como operador da Rádio Sul Fluminense AM, mas foi no ano seguinte, na mesma rádio, que ele pode dar início oficialmente a sua carreira de radialista.
No entamto os tais “causos” começaram a pipocar ainda na época de operador. Naqueles tempos, segundo Joaquim, a função de operador exigia muita habilidade, já que não havia a sofisticação dos equipamentos como nos dias de hoje onde basta apertar botões. “O operador controlava tudo. Dos equipamentos aos momentos em que o locutor deveria falar. Faziamos várias funções ao mesmo tempo.” Comentou.
Para se ter uma idéia, os comerciais eram gerados nos chamados discos de acetato (78 rotações) que tinham seus pontos marcados à lápis. Enfim, uma loucura total. Nessa época, havia um locutor de raciocínio muito lento, mas que tinha muita audiência na rádio. Ele se esquecia o tempo todo de dizer a hora certa e o “sonoplasta” Joaquim vivia tentando lembrá-lo do oficio fundamental. Certo dia, Joaquim deu a deixa para o radialista falar a hora, mas ele não o fez: “Para ser mais explícito eu tive que acenar o relógio pra ele lembrar da hora. O que ele me faz? Poe a mão a frente do microfone como se o fizesse com um telefone e perguntou, no ar, se era pra falar a hora.” Lembrou Joaquim, observando ter sido inútil o esforço do radialista em não ser ouvido pelo público, já que se tratava de um baita microfone modelo conhecido como "jacaré" da RCA que tinha uma captação altíssima e que mais tarde permitira que os ouvintes se encarregassem de repercutir o “mico” histórico.
Depois de se tornar radialista profissional em 54, Joaquim Leite passou um ano em São Paulo (58) onde trabalhou com campanha política e na Rádio Cultura. No ano seguinte trabalhou na Rádio Agulhas Negras na cidade de Resende.
Em 1960 mudou-se para o Rio de Janeiro onde trabalhou nas principais emissoras daquela época, como a Metropolitana, Continental, Carioca e Copacabana. Com a Revolução de 64, voltou para a região.
Em 65, foi para a Rádio Aparecida, onde protagonizou um dos momentos mais hilários de sua carreira: “Eu fazia um Programa chamado “A Juventude está com a palavra” que era ouvido em todo Brasil. A rádio tinha uma programação baseada nos rígidos princípios católicos da época e o programa tinha o patrocínio da cerveja Caracu. Naquela época havia o Amplex, uma câmara de eco que usávamos para dar um brilho maior a voz. Certo dia o operador mudou a rotação do Amplex e a voz passou a duplicar. Na hora que eu falei do patrocínio foi aquela confusão – CA RA CU CU CU CU CU. Não passou muito tempo e era tudo quanto é padre aparecendo no estúdio dizendo: - Filho! Você não podia ter falado isso! O Brasil inteiro está te ouvindo!”Contou Joaquim.
Em 1970, Joaquim Leite voltou para Barra Mansa, novamente "pilotando" os microfones Rádio Sul Fluminense, onde permaneceu até 81, quando fez parte da equipe que inaugurou a 96 FM, na qual permanece até os dias de hoje fazendo o horário de segunda a sexta-feira, das 16h às 20h.

Para ouvir Joaquim Leite Clique aqui.

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